O que proponho com estes autorretratos são possíveis leituras sobre minha própria psique. A tensão existente entre o ID, o Ego e o Superego se apresenta neste tríptico em três alegorias: Nó Górdio, Porta do Inferno e Psicostasia .
NÓ GÓRDIO:
A lenda conta que o rei da Frígia morreu sem deixar herdeiros e ao ser consultado, o oráculo anunciou que seu sucessor chegaria à cidade em um carro de bois. Eis que surge a figura de Górdio, um camponês que realizou o que foi previsto pela profecia. Para não se esquecer de seu passado humilde ele amarrou a carroça no templo de Zeus com um enorme nó impossível de desatar. Quando morreu, seu filho Midas assumiu o trono, mas também não possuía herdeiros. Então o oráculo foi ouvido novamente e fez a previsão que quem desatasse o nó de Górdio dominaria não só a Frígia, mas todo o mundo. Quinhentos anos depois, Alexandre, o Grande soube da lenda ao passar pela região, foi até o templo de Zeus e diante do nó concluiu que não precisava desfazê-lo. Desembainhou sua espada e cortou o nó.
PORTA DO INFERNO:
Identificada em 1971 por engenheiros da ex-União Soviética como um possível local para extração de petróleo, é um campo de gás natural na região do Turcomenistão. Em dado momento da perfuração, o chão sob a plataforma cedeu abrindo uma grande cratera e lançando enormes quantidades de gás metano na atmosfera. Temendo a liberação de mais gases nocivos, os cientistas consideraram que seria mais seguro e barato queimá-los do que extraí-los do subsolo. Desde então, a enorme cratera no meio do deserto de Caracum arde em chamas sem previsão de que o fogo se extinga.
PSICOSTASIA:
Segundo o Livro dos Mortos, na crença do Egito antigo, Psicostasia é o momento em que o coração de alguém que morreu é julgado por suas ações em vida, diante de um tribunal que constata se a alma é digna do paraíso.